SER PAI - PAPEL FUNDAMENTAL

"Alguns homens efetivamente não conseguem ficar absorvidos pelo bebê. Em nossa sociedade, às vezes acontece de os homens acharem meio "bobo" se interessar demais pelos bebês e, então, fingem falta de interesse. Quando os filhos crescem, conseguem admitir mais facilmente que sentiam orgulho e amor pelos filhos."

 

Por https://www.pediatriaemfoco.com.br

 

Dentre as inúmeras necessidades humanas, as de afeto e segurança têm, indiscutivelmente, prioridade. Quando elas são satisfeitas, temos garantias eficazes para o crescimento do ser humano; se, pelo contrário, houver frustrações, haverá desajustes mais ou menos graves. A criança necessita de amor. Esse é um lema moderno que ouvimos muito frequentemente. Mas, o que é preciso dizer? O recém-nascido é completamente indefeso, dependente e precisa de cuidados constantes para que não sofra de fome, frio ou dor. Como ele não tem noção de tempo e espaço, ao sentir fome, fica perdido e somente a assistência afetiva da mãe ou alguém que a substitua regularmente poderá, aos poucos, propiciar-lhe a certeza de que o alimento não lhe faltará.

Bem sabemos, no entanto, que os cuidados com o bebê não se restringem à alimentação ou às necessidades corporais; desde as primeiras semanas, o bebê é um ser humano completo, com sentimentos, emoção e ideias. O amor da mãe é que o protegerá de algumas sensações desconcertantes e desagradáveis que vêm do mundo externo e que lhe causam desconforto. A mãe é a iniciadora do filho na vida. Conforme as experiências deste sejam satisfatórias ou frustrantes, ele estará se preparando para a liberdade e para aceitar a autoridade.

 

O papel do pai

E o pai, qual é a sua importância nos primeiros meses? Durante mais de meio século, a partir das descobertas de Freud e de outros estudiosos do psique humana, enfatizou-se a importância da relação mãe-filho. Somente nos últimos anos - e muito timidamente - começou-se a estudar a importância da figura do pai desde os primeiros dias de vida. Estudos e pesquisas revelaram que é fundamental para a vida da criança que seu nascimento seja desejado; sentir-se filho do pai é tão primordial para o desenvolvimento do indivíduo como o próprio fato de sê-lo. O papel do pai nos primeiros três meses é indireto, porém muito importante para que a mãe proporcione segurança ao bebê.

Durante as primeiras semanas, quando a mãe e o bebê estão lutando para se conhecer, para se adaptarem um ao outro, a atitude do pai pode ser de grande ajuda. Como? Participando de algumas de suas ansiedades, ele poderá lhe dar o apoio de que ela talvez esteja precisando para enfrentar uma situação difícil, ajudando-a a ver as coisas com mais clareza. 
Alguns homens efetivamente não conseguem ficar absorvidos pelo bebê. Em nossa sociedade, às vezes acontece de os homens acharem meio "bobo" se interessar demais pelos bebês e, então, fingem falta de interesse. Quando os filhos crescem, podem admitir mais facilmente que sentiam orgulho e amor pelos filhos.

 

Reações do bebê

É interessante notar como, em torno dos 4-5 meses, o bebê começa a reagir ao pai de um modo especial e diferente da maneira como reage à presença da mãe e a dos demais adultos. A espécie de relacionamento que vai se formando entre o pai e o bebê nesses primeiros meses dependerá, por um lado, do quanto a mãe o estimula a participar do banho e da alimentação da criança, como também das possibilidades do próprio pai estar em casa nas horas em que o bebê está acordado e de sua facilidade em entrar em contato com ele. 
A partir do primeiro ano de vida, o pai começa a aparecer mais. Ele representa a responsabilidade.

É o contato com a realidade. O pai que ama os filhos não é somente aquele que manda, mas aquele de quem a criança tem orgulho e com quem quer se parecer. Essa admiração é o elemento de masculinidade que o pai transmite. Encontrar-se com o pai significará não somente poder separar-se da mãe, mas também encontrar uma fonte de identificação masculina, imprescindível tanto para a menina como para o varão. Isso porque a condição bissexual da psique humana (o que Jung chamava de animus nas mulheres e anima nos homens) torna necessário o casal "pai" e "mãe" para que se consiga um desenvolvimento normal da personalidade.

 

A autoridade paterna

Se, por um lado, é função da mãe dar aos filhos dos dois sexos a imagem da feminilidade, na sua competência, importância, afetividade e maternidade, o pai, por sua vez, é sentido pelos filhos em sua universalidade, a transmitir-lhes o papel da autoridade suprema (apesar do fato de a autoridade diária estar muitas vezes diretamente ligada à mãe). Essa distinção entre a autoridade materna e paterna são os modelos que a criança possui para fazer frente às fontes de autoridade, que irão desempenhar no futuro uma função importante no seu ajustamento à sociedade, além de cumprir uma função fundamental no desenvolvimento de sua sexualidade.

Os pais não nascem pais, tornam-se pais. Preparar-se, desde a concepção, para desempenhar este excitante papel significa ter uma oportunidade de embarcar numa gratificante aventura, um segredo que um crescente número de pais, realizados com o seu papel, gostaria de partilhar com seus semelhantes.
Numa sociedade onde, há não muito tempo atrás, os pais eram quase sempre relegados ao simples papel de provedores, outros modelos de paternidade tinham que ser inventados. Portanto, assuma o seu posto enquanto presença importante e única na vida do seu filho e crie o seu próprio papel de pai!
Comprometer-se e dedicar-se ao seu recém-nascido o mais cedo possível torna mais fácil o estabelecimento de um forte e importante laço entre vocês.

Foi isso o que fez quando, durante nove meses, preparou a chegada do seu bebé e teve a oportunidade de acompanhar a gravidez através das ecografias, do curso de gestantes e o sentir dos movimentos do bebé dentro da barriga da mãe.
Mas hoje a sua vida está completamente mudada. A sua rotina e a sua casa estão viradas do avesso, a sua parceira está exausta, e a sua vida conjugal parece ter esvanecido. Em resumo, já não existe um ponto de referência.

 

Não entre em pânico!

• Reconheça as suas emoções - O nascimento de uma criança pode fazer florescer uma série de emoções. O primeiro passo é reconhecê-las. Alguns homens querem fugir: absorvem-se com o trabalho, com o esporte ou com algum projeto novo. O desejo de escapar muitas vezes mascara o medo de assumir um compromisso. Pode ser difícil reconhecer e compreender as suas emoções, mas é essencial que o faça e que as expresse e comunique de uma forma saudável. Isso permitirá que continue o seu processo de adaptação ao papel de pai.

• Participe dos cuidados do seu bebé - Não existe uma fórmula fácil para tornar-se um pai perfeito. Participar nos cuidados diários do seu bebé fará com que se torne a cada dia mais confiante. Vai conseguir descobrir as suas próprias formas de fazer as coisas, que podem ser diferentes das da sua parceira. O mais importante é que ambos acreditem em valores comuns e nos resultados esperados. Algumas mulheres podem ter dificuldade em dividir as responsabilidades do bebé. Pode ser necessário manifestar o seu desejo e conversar com ela sobre os benefícios que esta divisão poderá trazer para toda a família.

• Mantenham a intimidade do casal - Logo após o nascimento do bebé, os pais, às vezes, têm a impressão de que estarão sempre naquela correria e que não conseguirão tão cedo nem dividir uma refeição. A identidade do casal parece estar destruida. Não se preocupe: as coisas ficarão mais fáceis quando cada um de vocês tiver estabelecido uma rotina. Planeie momentos de descanso a dois.

Procure compreender o que acontece com a sua perceira durante o período do pós-parto. Quando ambos estiverem adaptados aos seus novos papéis, o desejo de intimidade retornará, ainda que isso possa ocorrer em momentos diferentes. Aceite ajuda da família e dos amigos - O suporte da família e dos amigos pode ser valioso durante este período de adaptação. Aceite as suas ofertas de ajuda e delegue tarefas domésticas e o preparo de refeições, por exemplo. No entanto, tenha a ceteza de preservar a rotina que necessita para familiarizar-se com as suas novas responsabilidades. É muito importante não se deixar oprimir e protejer a intimidade do casal e da família.

 

Conselhos de pai para pai:

• Adote procedimentos claros para fazerem coisas enquanto casal;

• Definam as tarefas de cada um;

• Manifeste o seu desejo de cuidar do bebé;

• Lembre-se sempre de se dar uma chance para: aprender; crescer enquanto pai; assumir o seu papel enquanto pai (diferente da mãe);

• Quando a sua rotina voltar ao normal, reserve momentos agradáveis com a sua mulher, com o seu bebé, e também para si próprio.

 

Uma vez que a relação pai-filho é diferente da relação mãe-filho, ela é muito importante, tanto para os pais, quanto para as mães. É frequente que um pai estabeleça laços especiais com o seu filho brincando com ele. Estes laços tornar-se-ão mais significativos com o passar do tempo. Um pai representa um modelo que é diferente daquele representado pela mãe.

Ele gosta de brincar ativamente com o seu filho, normalmente é mais severo e, frequentemente, é mais inclinado a encorajar a criança a explorar o seu ambiente e buscar a sua independência.
Não há dúvidas de que a qualidade da relação pai-filho afeta a interação entre a criança e outras crianças e adultos.

No entanto, pai e mãe devem concordar com as regras familiares e suas aplicações. A disciplina imposta com uma abordagem harmoniosa será muito valiosa no futuro. É muito mais fácil ser pai/mãe quando se pode contar com parceiro(a). Será também muito mais enriquecedor para a família.

 

Simplesmente seja PAI e aproveite cada momento com seu filho(a), pois estes momentos são únicos.

 

Fonte: Clínica Infantil Reibscheid & Site Alo Bebê