Programas acompanham grávidas e neutralizam ameaças da gestação

60% das gestações com complicações são em mulheres obesas.

 

Por https://www.jornalacidade.com.br

 

O senso comum diz que gravidez não é doença. Não é, mas pode trazer problemas. E a obesidade tem sido um fator cada vez mais frequente em gestações de alto risco atendidas no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.

A coordenadora do Centro de Obstetrícia do HC, Alessandra Marcolin, explica que 60% das pacientes atendidas nesse programa têm sobrepeso. Desse percentual, um terço é de pacientes com obesidade grave e além da doença em si, o excesso de peso traz outros problemas associados.

“A obesidade pode acarretar comprometimento do feto. Dentro da equipe multidisciplinar nós trabalhamos com controle de peso dessa paciente, para que ela não engorde ainda mais na gravidez com ajuda de nutricionistas e educadores físicos”, explica Alessandra.

Esse é o caso de Rita de Cássia da Silva, 38, grávida de cinco meses que faz o acompanhamento no ambulatório. Além de estar com sobrepeso, ela tem hipertensão e, por isso, precisa de um acompanhamento rigoroso.

“Estou seguindo as orientações da nutricionista, comendo direito e tomando os remédios da pressão. Até o momento eu estou bem, o bebê também”, ela conta. Moradora de Luiz Antônio, a gestação não foi planejada e o alerta para a pressão alta só veio no início do pré-natal.

“Eu não sabia que tinha pressão alta. A primeira gravidez foi tranquila, mas por causa do peso me disseram que essa seria diferente”, explica ela, que já é mãe de um menino de dez anos.

Alessandra explica que a obesidade vem crescendo no Brasil de maneira geral, pois as pessoas comem mais, porém muito mal e isso tem feito crescer o atendimento de mulheres grávidas em situação de risco por conta dessa situação.

“Em um contexto geral, cerca de 20% das mulheres grávidas terão uma gravidez de risco por um desses fatores, por isso, fazer o pré-natal é tão importante, porque em um primeiro atendimento, a responsabilidade do médico é identificar esses fatores para que a mulher possa ser encaminhada para o serviço específico”, explica a coordenadora do programa.

Prevenção é básica

A professora do Departamento de Ginecologia, da Faculdade de Medicina da USP, Alessandra Marcolin, alerta que é possível diminuir as chances risco de uma gravidez.

“Se a mulher fizer os exames de saúde antes de engravidar, é possível identificar doenças, como a hipertensão e a diabetes e fazer um controle prévio, para que ela tenha uma gestação mais tranquila”, explica Alessandra.

Além da obesidade, a idade da mãe, condições profissionais, sociais e ambientais, uso de drogas e pacientes com histórico de portar o vírus HIV, ou com experiências anteriores de vários abortos, também podem causar grandes complicadores em uma gestação.

Nesses casos, o ideal é sempre prevenir problemas com exames e consultas prévias.

Marisol teve Fernanda

Marisol Aparecida Camolez, 42 anos, de Pitangueiras, teve uma gestação de risco, também pelo pelo fato de ser paraplégica. No entanto, Fernanda, de um mês, nasceu de 38 semanas e as duas passam muito bem.

Marisol teve acompanhamento através do convênio do grupo São Francisco que, assim como a USP e a Unimed, disponibiliza este serviço para gestantes.

Marisol, agora, tem a ajuda da mãe para cuidar de Fernanda. O coordenador do programa, Orlando Barreto Neto, explica que o objetivo da criação de uma equipe multidisciplinar para atender essas gestantes de alto risco é diminuir o índice de prematuridade e oferecer um atendimento mais específico. Em nove meses de programa, ele afirma que a taxa de bebês prematuros caiu 70%.

Três de uma só vez

Heitor, Lorenzo e Arthur nasceram bem após uma gestação de risco, o que é comum em caso de gêmeos. A farmacêutica Marina Dezotti Godoy Martins, 29 anos, foi pega de surpresa com a notícia de que seria mãe de três ao mesmo tempo.

“Eu só descobri que estava grávida com sete semanas e quando fizemos o ultrassom veio outro susto, porque eram três de uma vez. Eu e meu marido ficamos assustados, mas eu fiz o acompanhamento no programa de gravidez de risco pelo meu convênio e correu tudo bem”, explica ela.

Os responsáveis pelo programa de gestantes do São Francisco dizem que hoje 70 mulheres estão sendo seguidas , mas que este número deve aumentar. Questionada, a Unimed não passou a tempo os dados solicitados pela reportagem.