GESTAÇÃO - Início dos laços afetivos
Construindo uma Relação de Amor
Por Juliane Callegaro Borsa -"Considerações acerca da relação Mãe-Bebê da Gestação ao Puerpério"
"A gestação é um evento complexo, onde ocorrem diversas
mudanças na vida da mulher. Trata-se de uma experiência repleta de
sentimentos intensos, variados e ambivalentes que podem dar vazão a
conteúdos inconscientes da mãe. A relação da mãe com seu filho já
começa na gestação e será a base da relação mãe-bebê, a qual se
estabelecerá depois do nascimento e ao longo do desenvolvimento da
criança (Brazelton e Cramer, 2002; Caron, 2000; Klaus e Kennel, 1993;
Raphael-Leff, 1997 e Soifer, 1992). De acordo com estudo realizado por
Piccinini, Gomes, Moreira e Lopes (2004), a relação mãe-bebê começa, de
fato, no período pré-natal...
desde muito cedo os pais estabelecem um
modo costumeiro de interação com o feto, através de informações, tais
como, sexo, maneira de movimentar-se e determinam a estruturação de
um padrão de interação precoce, que tende a continuar após o
nascimento...
Para Brazelton & Cramer (2002), a gravidez de uma mulher reflete toda a
sua vida anterior à concepção, suas experiências com os próprios pais,
sua vivência do triângulo edipiano, as forças que a levaram a adaptar-se
com maior ou menor sucesso a essa situação e, finalmente, separar-se de
seus pais.
Assim, a gravidez não é só um período de ensaios e
expectativas, mas constitui também uma fase em que velhos
relacionamentos podem ser mentalmente retrabalhados, podendo ser
concebida como um período de constante confronto entre a satisfação de
desejos e o reconhecimento da realidade.
...
A realidade do bebê imaginário, na barriga da mãe não é a
mesma realidade do bebê recém-nascido. Muitas mães tendem a negar
antecipadamente a realidade do seu bebê nas primeiras semanas de vida,
sentindo-se assustadas e confusas diante dos primeiros cuidados. No
momento em que a criança adquire vida própria, diferente da vida intrauterina, ela incorpora-se, efetivamente, como um novo integrante na
família, o que, sem dúvida, transforma o equilíbrio familiar, que já havia
passado por algumas transformações durante a gravidez (Soifer, 1992)."