Cerca de 20 mil menores dão à luz a cada dia em países em desenvolvimento

A cada dia, 20 mil mulheres menores de 18 anos dão à luz e cerca de 200 morrem em consequência da gravidez ou do parto nos países em desenvolvimento, diz um relatório publicado nesta quarta-feira pelo Fundo de População das Nações Unidas (FPNU).

Por Terra.
 

Quase 95% dos partes que têm como protagonistas adolescentes ocorrem em países que não são desenvolvidos, de acordo com o estudo "Maternidade na Infância: enfrentar o desafio da gravidez em adolescentes".

A cada ano ocorrem no mundo 7,3 milhões de partos de meninas e adolescentes (até 18 anos), dos quais dois milhões correspondem a menores de 15 anos, um número que, se mantiver a tendência atual, chegará a três milhões em 2030.

Os números estão caindo em nível geral, mas na América Latina e no Caribe os partos de meninas menores de 15 anos aumentaram.

No entanto, a região latino-americana não chegou aos níveis de Bangladesh, Chade, Guiné, Mali, Moçambique e Níger, onde uma de cada dez meninas tem um filho antes dos 15 anos.

No relatório, a América Latina aparece como a segunda região do mundo com a maior porcentagem de mulheres de 20 a 24 anos que afirma ter dado à luz antes dos 18 anos, ao redor de 20%, só superada pela África Subsaariana.

A Nicarágua, com 28,1% de mulheres de 20 a 24 anos que dizem ter ficado grávidas antes dos 18 anos, e Cuba, com 9,4%, representam os dois extremos na região latino-americana.

"Quando uma adolescente fica grávida, muda radicalmente seu presente e seu futuro, e em raríssimas ocasiões essas mudanças são para o bem", assegura Babatunde Osotimehin, diretor-executivo de FPNU, no prólogo do documento.

O relatório, o primeiro de caráter global sobre o tema em muitos anos, não só inclui números e estatísticas, mas analisa as causas e os efeitos do problema, informa sobre políticas bem-sucedidas em alguns países, como a Jamaica e Ucrânia, e recomenda oito estratégias para reduzir a incidência.

A pobreza, os casamentos em idade adiantada e a falta de acesso à educação são as principais causas subjacentes da gravidez precoce, segundo o FPNU.

"A gravidez adolescente não responde, em geral, às decisões da mulher, mas à ausência de oportunidades e às pressões sociais, culturais e econômicas dos contextos em que vivem as adolescentes", explica Osotimehin.

O relatório faz insistência nos riscos que geram as gravidezes para a saúde das meninas e adolescentes.

Cerca de 70 mil adolescentes morrem todos os anos no mundo por causas relacionadas com a gestação e o nascimento, assinala.

Na América Latina e no Caribe, a primeira causa de morte para as jovens está relacionada com complicações na gravidez e o parto.

O relatório apresenta testemunhos de meninas que foram mães, como Swinton, uma zimbabuano que ficou grávida aos 15 anos.

"Sempre imagino como seria minha vida se tivesse conhecido alguém antes de ficar grávida, alguém que me ensinasse a atuar com firmeza, alguém que me ensinasse sobre relações, as vantagens e desvantagens de ter uma vida sexual sendo tão jovem. Talvez não estaria nesta situação", afirma.