Orientação sexual e planejamento familiar evitam gravidez precoce.

Apesar da orientação sobre métodos anticoncepcionais, o número de adolescentes grávidas continua crescendo

Por https://www.jmonline.com.br

De acordo com informações da Organização das Nações Unidas (ONU), aproximadamente 16 milhões de meninas, com idades entre 15 e 19, engravidam por ano. No Brasil, anualmente, em torno de 1,1 milhão de adolescentes engravidam e esse número continua crescendo. Hoje, 65% das mulheres grávidas têm menos de 20 anos, segundo estudo realizado entre 1996 e 1998. A gravidez precoce é uma das ocorrências mais preocupantes relacionadas à sexualidade da adolescência, com sérias consequências sociais e econômicas para a vida dos adolescentes envolvidos – que deixam de frequentar a escola –, de seus filhos que nascerão e de suas famílias.

Especialista em ginecologia e obstetrícia, José Carlos Peraçoli explica que a orientação sexual e o planejamento familiar são fundamentais no combate ao problema. “Antes da adolescência, o que inclui não só as meninas, mas também os meninos que estão relacionados à gravidez, seria preciso um pouco mais de educação sexual. Hoje, já se avançou muito neste sentido, mas ainda é muito pouco, seja na formação escolar, seja dentro das famílias, no sentido de que o planejamento familiar entrasse na discussão”, destaca.

Segundo estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a maioria dessas adolescentes não tem condições financeiras nem emocionais para assumir a maternidade. Por causa da repressão familiar, muitas delas fogem de casa e quase todas abandonam os estudos. Os problemas associados com a gravidez da adolescente concentram-se, mais gravemente, no aspecto indesejado da gravidez e a frequente busca pelo aborto. Entre as jovens que optam por ter o bebê, 84% têm de 16 a 17 anos, como mostram dados obtidos na Secretaria Municipal de Saúde de Piracicaba. Um número importante delas (68%) teve parto normal.

Apesar da orientação sobre métodos anticoncepcionais, o número de adolescentes grávidas continua crescendo. Talvez por não terem grandes perspectivas de vida, por descuido ou simplesmente por emoção. Para o ginecologista, o desenvolvimento da sexualidade e a prática do sexo acontecem cada vez mais cedo e não adianta reprimir, pois é uma realidade. “E vai acontecendo sem hora programada. Embora seja um chavão, é verdade, os adolescentes sempre acham que com eles nada vai acontecer, e isso vale para tudo. Então, eles nunca se preparam e, como não planejam, geralmente, não se protegem. Ou seja, não vai tomar o anticocepcional se tem uma relação extremamente fortuita ou casual. Toda propaganda que existe sobre sempre usar a camisinha e sempre ter uma consigo não é suficiente, porque, se não a tiverem, acaba acontecendo da mesma forma. Por isso, a educação é fundamental, mas tem que ser constantemente reforçada”, completa o médico José Carlos Peraçoli.