Gravidez: casal deve tentar por um ano

Depois de interromper os métodos contraceptivos, a luta para o casal que deseja engravidar recomeça mês a mês. Isso porque a cada ciclo reprodutivo feminino há uma chance de 15% a 20% de que um óvulo e um espermatozoide de qualidade se encontrem na data certa e formem um embrião que irá se desenvolver nos próximos nove meses.
 

Por https://www.folhacg.com.br

Engana-se, portanto, quem acredita que um casal saudável, em idade fértil e com vida sexual ativa (o que quer dizer, em média, três relações sexuais por semana), deve receber a tão esperada notícia já no primeiro mês. Antes de achar que um dos dois pode ter algum problema de fertilidade, os médicos recomendam que as tentativas ocorram por cerca de um ano.
 

“O processo de reprodução do ser humano é muito complexo e mesmo um casal saudável pode sofrer interferências de fatores aleatórios”, afirma a médica Karla Zacharias, especialista em reprodução humana e coordenadora de uma das unidades da Huntington Medicina Reprodutiva, em São Paulo.
 

Para que a gravidez se concretize, é preciso que haja um processo de ovulação adequado, que gere um óvulo de qualidade, que, por sua vez, deve ser penetrado por um espermatozoide em boas condições.
 

Se a relação não ocorreu no período correto ou se o embrião não se desenvolveu da forma esperada, as tentativas devem continuar no mês seguinte. “Quando a gente pensa em fertilidade, não há algo tecnicamente perfeito, usamos uma definição estatística”, diz Jorge Haddad Filho, médico do Grupo de Reprodução Humana da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
 

Segundo Haddad, em um ano de tentativas, o casal tem 90% de chance de engravidar. Após esse período, se a gestação não se concretizou, é recomendável procurar ajuda de um especialista, que vai fazer uma investigação do histórico clínico dos pacientes e solicitar exames específicos para cada um.
 

De acordo com os médicos ouvidos, em 30% dos casos a infertilidade está relacionada a causas femininas, 30% a problemas masculinos e 40% dos casais têm dificuldade para engravidar devido à associação de fatores de ambos.
 

Se a mulher que deseja engravidar tem mais de 35 anos, o médico já deve ser consultado após seis meses de tentativas. Isso porque a produção e a qualidade dos óvulos costuma cair nessa faixa etária.
 

“Uma das principais causas de infertilidade e dificuldade de obtenção de embriões é o adiamento da gravidez. Só que mesmo o mais alto tratamento precisa de matéria prima, o óvulo, que sofre a ação do tempo”, diz a médica Karla Zacharias.
 

Para avaliar a reserva ovariana da mulher, existe um exame simples de sangue que mede a quantidade de hormônio anti-mulleriano (HAM), o que serve para avaliar a taxa de fecundidade. Apesar de mostrar se a mulher tem um bom estoque de óvulos ou não, o teste não consegue definir com precisão quanto tempo de vida fértil ela ainda tem.

Desse modo, para Haddad, as mulheres não deveriam esperar passar dos 37 anos para tentar engravidar. “Depois disso, a probabilidade cai muito e, a partir dos 45, mesmo que se faça fertilização in vitro, as chances de engravidar são reduzidas para 2% ou 3%”.
 

Entre as mulheres que estão em idade reprodutiva, fatores como ovário policístico, miomas, endometriose e cauterizações anteriores podem ser a resposta para a dificuldade de engravidar. O uso do DIU (Dispositivo Intrauterino) e o alto número de parceiros sexuais podem causar infecções nas trompas, também responsáveis por parte dos casos de infertilidade feminina.
 

No caso dos homens, segundo o médico Edward Carrilho, especialista em reprodução humana da clínica Engravida, também na capital paulista, um espermograma normalmente fornece as respostas necessárias. “Esse exame consegue mostrar se a concentração e a movimentação dos espermatozoides são boas”, declara o especialista.
 

Carrilho ainda afirma que fatores como obesidade, estresse e cigarro interferem na fertilidade do casal. “Sabemos que a maconha prejudica a concentração do sêmen nos homens e o excesso de álcool prejudica as mulheres”.