Desnutrição na gravidez interfere na resposta do bebê ao sabor doce

Desnutrição na gravidez interfere na resposta do bebê ao sabor doce

 

Do UOL
Em São Paulo 30/07/201308h00

 

 

Uma pesquisa  liderada por uma brasileira mostra que problemas denutrição durante a gravidez podem fazer recém-nascidos terem uma resposta mais intensa ao sabor doce. Otrabalho, apresentado na Reunião Anual da Sociedade para o Estudo do Comportamento Ingestivo (SSiB), nos EUA, sugere que as preferências alimentares de um indivíduo são moldadas bem cedo, mesmo antes do nascimento.

Os recém-nascidos de espécies diferentes reagem ao sabor doce demonstrando expressões faciais de prazer, tais como mexer a língua e chupar o dedo. Essas respostas estão relacionadas a atividades em regiões do cérebro que respondem ao prazer e à recompensa.

No estudo, filhotes de ratos descendentes de fêmeas que experimentaram desnutrição (e, portanto, tiveram crescimento intra-uterino restrito) receberam uma gota de solução de sacarose (açúcar) ou água em seu primeiro dia de vida. Quando comparados aos controles, os recém-nascidos cujas mães haviam sofrido com a falta de nutrientes demonstram uma resposta mais intensa e prolongada ao açúcar.

Vários estudos já demostraram, em humanos, que fetos com crescimento restrito tornam-se indivíduos com tendência a comer mais açúcargordura e menos frutas e vegetais. Ou seja, têm risco aumentado sofrer doença cardiovascular, diabetes tipo 2 e aterosclerose na vida adulta.

A conclusão do estudo é que as adversidades na gestação contribuem para o desenvolvimento dessas enfermidades. "Esta abordagem translacional nos permite estudar diferentes sistemas que podem afetar as preferências alimentares em indivíduos com crescimento intra-uterino restrito, que apontam para metas de planejamento de intervenção", afirma a coordenadora do estudo, Roberta Dalle Molle, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 

Como mais de 20 milhões de crianças nascem baixo peso ao nascer em todo o mundo anualmente, é de se considerar que parte deles terá doenças crônicas na vida adulta. 

O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul, pelo National Counsel of Technological and Scientific Development e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.