Brasil é o 10º país em taxa de nascimentos prematuros, revela Unicef

A porcentagem de bebês que nascem antes do tempo é maior em regiões mais ricas, como Sul e Sudeste

Por Crescer

A cada 100 crianças nascidas no Brasil, cerca de 11 são prematuras (isto é, nascem antes de a gestação completar 37 semanas). O número nos coloca no mesmo patamar de países de baixa renda, onde a prevalência é de 11,8%, e na décima posição entre os países onde mais nascem prematuros. 

Esses números foram divulgados no estudo Prematuridade e suas possíveis causas, apoiado pelo UNICEF e Ministério da Saúde e liderado pelo Programa de Pós-graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas.

Como base de comparação, há um dado da Organização Mundial da Saúde, divulgado em em 2012, que aponta que nos países de renda média o percentual é de 9,4% nascimentos de prematuros.

Segundo o estudo, há um crescimento de partos prematuros no Brasil, ao contrário do que se poderia esperar, já que o País vem reduzindo as suas taxas de mortalidade. O SINASC, sistema do Ministério da Saúde, apontava um discreto aumento no percentual de prematuridade, de 6,8% para 7,2% entre 2000 e 2010. Entretanto, o atual estudo corrige o valor de 2010 para 11,7%. A prematuridade é a principal causa de morte de crianças no primeiro mês de vida, segundo dados do Ministério.

As regiões mais desenvolvidas (Sul e Sudeste) são as que apresentam os maiores percentuais de prematuridade (12% e 12,5%, respectivamente), seguidos pelas regiões Centro-Oeste (11,5%), Nordeste (10,9%) e Norte (10,8%).

Um fator que chama atenção no estudo é como a cor de pele e a etnia influenciam na prevalência da prematuridade. As mulheres indígenas apresentam o maior percentual, seguidas pelas mulheres de pele branca e negra.

Outro fator que também pode influenciar nos partos prematuros é a idade da mãe. Nesse caso, o maior risco é entre as gestantes com menos de 15 anos.

O estudo também investigou os dados de baixo peso das crianças ao nascer (menor de 2,5 quilos). O percentual tem se mantido estável desde 2000, em torno de 8% do total de nascimentos.

Nesse caso, as mulheres negras respondem pelo maior percentual de nascimentos de crianças abaixo do peso, seguido pelas brancas e pardas.

De acordo com a Unicef, dados do estudo podem revelar uma estreita relação entre o aumento da prematuridade e a realização de cesarianas. As mais altas taxas são observadas nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, enquanto as mais baixas estão nas regiões Norte e Nordeste.

 

Para o representante da instituição no Brasil, Gary Stahl, o estudo reforça a urgência de esclarecer a relação de causa e efeito entre cesariana e prematuridade. “Isso contribuiria para reduzir a epidemia de cesarianas no Brasil e reverter o quadro de prematuridade", afirmou em nota. Ele também destacou as recomendações do estudo relacionadas à necessidade de dar foco à melhoria da escolaridade das mulheres, à redução da gravidez na adolescência e à atenção especial à população indígena.