Ações públicas alertam para alcoolismo na gravidez

HC tem cerca de 100 crianças sendo acompanhadas sob suspeita sofrerem os efeitos da doença

Por Jornal A Cidade - Mariana Lucera - Ribeirão Preto/SP
 

A rede pública municipal de saúde começou a receber, esta semana, um manual com procedimentos de prevenção da Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), doença associada ao consumo de álcool por mulheres grávidas.

Atualmente, o Hospital das Clínicas da USP de Ribeirão Preto faz o acompanhamento de 100 crianças que podem estar sujeitas a essa doença. O Brasil é o segundo país no mundo que mais apresenta crianças com a síndrome, atrás da África do Sul.

O manual sobre a SAF está sendo elaborado pelo programa PAI-PAD (Programa de Ações Integradas para Prevenção e Atenção ao Uso de Álcool e Drogas na Comunidade).

A sua distribuição ocorre em paralelo a uma campanha de conscientização sobre os efeitos da SAF, realizada em conjunto com o HC. A campanha termina na próxima segunda-feira, dia mundial de combate à doença.

“Ainda não há uma quantidade de álcool segura que a mulher grávida possa ingerir e não causar problemas para a criança. No entanto, parece lógico que uma mãe que só bebeu uma vez no início da gestação vai ter menos problemas do que a mulher que bebeu a gestação toda. Assim, a recomendação é não ingerir o álcool durante os nove meses”, disse o coordenador do PAI-PAD e do Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescentes do HC, Erickson Furtado.

Números

Em Ribeirão Preto, não existem números sobre o percentual de recém-nascidos afetado pela SAF. No entanto, segundo Furtado, na capital, a cada mil nascidos vivos, duas crianças vão apresentar a SAF de forma grave (cujos efeitos provocam deformação na face) e 38 de forma moderada. “Essa síndrome nem sempre é identificada logo após o nascimento e só pode aparecer em fase escolar. Aqui em Ribeirão Preto, ela é mais frequente na sua forma parcial”, explicou Erickson Furtado.

Nutricionista parou de beber ao ficar grávida

A nutricionista Mariana Morando, 25 anos, grávida de sete meses, deixou de beber socialmente por conta da gravidez. “Eu já sabia que prejudica a criança, mas o médico também alertou sobre riscos de má formação e que as toxinas podem penetrar a placenta. Por isso, não vou beber até acabar de amamentar”, explica.

O ambulatório do HC atende crianças encaminhadas pela rede e pelo município. O maior número de atendimentos é de crianças com a síndrome de forma moderada, mas o hospital também atende os casos mais graves, onde há deformação facial do recém-nascido.