MINHA GRAVIDEZ – O PARTO II (última parte)

O PARTO  - FIM DA GESTAÇÃO

Por Suhely Bueno.
 

Veja, eu estava na maternidade há umas 6:30, com a bolsa rompida, sem terem me dado medicamentos, sem ter me dado soro para  hidratar, sem fazer uso de qualquer indução (mesmo sabendo da minha preferência quanto ao parto – PARTO NORMAL e não natural) com 5cm de dilatação, onde as contrações se iniciaram cerca de 1:30/2 horas no máximo depois que havia chegado ao hospital, sendo que havia chegado com 2cm de dilatação, já com dores mais fortes e tinha que tomar uma decisão, pois a plantonista disse que era preciso seguir em frente, como ela mesma disse “Você precisa decidir: ou esperamos mais 6 horas, com risco do seu bebê pegar uma infecção, ou fazemos agora!!”
 

Nisso meu marido sem saber o que me dizer, chamou minha mãe... Nessa altura apenas queria chorar. Minha mãe, toda preocupada, me abraçou e disse: Você tem que decidir e ver o que é melhor e a mamãe te apoiará! – Nossa, até escrevendo sobre isso choro!
Nisso a médica voltou e indagou o que havia decidido e eu estava revoltada, brava com tudo e disse: “Vamos fazer essa merda de cirurgia, pode me cortar”. A plantonista num calma que me dava mais raiva ainda retrucou: “Não fala assim, se fosse fazer parto normal você também seria cortada, um corte pequeno, mas iria!!! -  Juro que na hora nem, dei muita atenção a este comentário banal e sem fundamento, pois, hoje, sei bem que o corte vaginal, a episotomia, só é feito SE NECESSÁRIO e você, mamãe pode deixar claro que NÃO QUER ESTE CORTE!


“A Organização Mundial de Saúde (OMS) contesta o uso rotineiro desta técnica, considerando a forma como a episiotomia é, atualmente, praticada como conduta frequentemente utilizada de modo inadequado. Estudos publicados ao longo das últimas duas décadas concluíram não haver razões científicas para continuar a executar, indiscriminadamente, a incisão no períneo. A episiotomia não previne a maioria das situações para as quais estão indicadas, em particular as lesões graves. "
(
https://www.paisefilhos.pt/)

E assim, a médica foi preparando a sala de parto, para não um parto, mas uma cirurgia, A CESARIANA!

Naquela altura toda minha tranquilidade para chegada do baby foi substituída por uma decepção e raiva e só queria, então, fazer logo aquele procedimento e ter meu bebê em meus braços.

A médica foi preparar a sala de cirurgia e eu fiquei esperando ainda com as dores, com o lençol encharcado e com um dos piores sentimentos que já havia sentido.

Então depois de mais ou menos 20 minutos chegou a hora de ir para aquela sala... Fui andando, acompanhada por uma enfermeira, enquanto isso meu marido foi colocar a roupa para poder participar da cirurgia.

Sentei naquela maca, onde me deram uma anestesia e depois deitei. Assim que me deitei amarraram minhas mãos, ficando, então naquela posição de Jesus sendo crucificado (péssimo!) e comecei a sentir formigamento no meu corpo e uma queimação horrível, então o anestesista foi aplicando não sei o que em mim, de forma intravenosa e cheguei até questionar o que ele estava administrando e o mesmo respondeu de forma ríspida: “Para que você quer saber? Você não entende mesmo?” Gente quando alguém lhe pergunta algo, mesmo que não saiba, não tenha intendimento, espera-se que a pessoa gentilmente responda - lembrando que estava num momento que deveria ser só meu, que eu deveria ser a protagonista, não mero figurante – “Olha, mamãe, estou aplicando X medicamento para tal coisa, estou aplicando Y medicamento para isso e para aquilo”. Juro que naquela hora, no estado em que estava, a anestesia fazendo efeito não conseguia nem retrucar e vai que retruque capaz dele me dar um “sossega leão”, um “boa noite cinderela”... Eu heym?!
Então, do nada, comecei a me sentir mau, como se estivesse mais mole, como se estivesse apagando, como se estivesse desintegrando, acompanhada de um ligeiro mau estar, olhei para o lado onde ficava os aparelhos que mediam minha pressão arterial e batimentos cardíaco, afinal a única coisa que você mexerá durante a cesariana é sua cabeça, e quando olhei estava marcando pressão arterial 8/4 e nisso o anestesista super “simpático” me pergunto se eu estava me sentindo bem e logo respondi que não – óbvio! Então ele mexeu nos medicamentos (na dosagem), e fui melhorando.

 

Passado essa sensação e com a anestesia em pleno funcionamento meu marido entrou. Sentou ao meu lado, com a câmera fotográfica e, de repente, eu viro para ele: “Credo, que cheiro horrível de carne humana queimando (Detalhe: isso estava acontecendo em mim -  cheiro desagradável!!!)... Assim, em alguns minutos, depois de ser cortada em várias camadas, retiram meu bebê... Só ouvia um leve choro, bem mansinho e a médica dizendo: É menina!!! E logo ela foi levada para o pediatra de plantão, para pesa-la, medi-la e toda avaliação e meu marido pode acompanhar e tirar fotos e eu ali, como se fosse uma múmia e apenas queria ver minha filha, saber se estava tudo bem... Juro que aquele instante em que minha pequena estava fazendo a avaliação pareceram horas... Mas logo meu marido volta com ela no colo... Meus olhos encheram de lágrimas e eu só queria poder segura, fazer com que ela pudesse sentir que a mamãe estava ali, dar a primeira mamada dela, conforta-la, afinal para ela: que mundo cheio de gente de roupa azul, com aquelas luzes numa sala fria era aquela? Cadê aquela pessoa que conversou comigo durante 9 meses naquela quartinho quentinho, cheio de água, super confortante que eu ficava? Cadê a pessoa que ficava me acariciando, cantando e eu respondia com meus chutes, socos, cabeçadas?

Pois é, a famosa ruptura abrupta entre mãe e filho e a melhor forma de amenizar tal é levando o bebê ao colo da mãe, para que ele possa sentir o seu cheiro, o seu corpo e também dar a primeira mamada e assim, logo de inicio, estimular a descida do leite, tendo em vista que na cesariana ele é mais demorado que em parto normal!
 

“No parto cirúrgico há uma separação abrupta e precoce entre mãe e filho, num momento primordial para o estabelecimento de vínculo: Os primeiros instantes após o nascimento são fundamentais para a criação de uma ligação chamada em inglês de “bonding” - um elo, um laço profundo. A chance de nesse momento a mãe ter o bebê em seu colo, sobre o peito ou próximo dela permite estabelecer com ele uma importante troca de estímulos: olhares, fluidos e cheiros promovem uma identificação profunda. Ao nascer, a criança registra uma sensação intensa de tudo o que acontece: quanto mais segura ela se sentir, melhor para a criança, para seus pais e para o mundo.” (Fonte - https://www.ans.gov.br)


“O primeiro contato com a família deve acontecer imediatamente após o parto. É nesse momento que ele pega os anticorpos da mãe, e começa a se preparar para o ambiente onde viverá”. Esse é o momento da primeira mamada, que geralmente acontece de 20 a 50 minutos após o nascimento. ((https://guiadobebe.uol.com.br)
 

 

Então se você não teve escolha e terá que fazer uma cesariana, ou escolheu, e/ou foi levada a escolher exija, pelo menos, que possa ter seu bebê nos braços logo que ele nascer e se possível dar o peito a ele!
 


Meu marido e minha pequena
 
Nosso primeiro "contato" logo após a cesariana


para saber mais sobre procedimento para o parto e na hora do parto acessem: PROCEDIMENTOS - PARTO
 

Então minha pequena, que nasceu com 2,535kg e 44,5cm*¹ as 7:23 da manhã do dia 17/12/2012, foi levada para o berçário e meu marido também saiu da sala de cirurgia e lá eu permanecia para que a médica fechasse o corte.
Tendo terminado de me costurar ela juntamente com seu ajudante se retirou da sala e disse: olha não falei que seria tranquilo???”, ficando apenas eu e mais duas enfermeira, onde uma delas até comentou que havia pego o anestesista de bom humor, ou seja, ele é mais estúpido e grosso do que foi comigo, normalmente -  como pode?!!!!


 

Assim que as enfermeiras terminaram o que estavam fazendo, que sinceramente não tenho ideia do que, elas me moveram para uma maca para que fosse levada para a sala de observação!

Então fiquei por cerca, acho, de 3 horas, numa “sala de observação”! Porque as aspas? Bem, se você acha que um ambiente de saída e entrada de pessoas do centro cirúrgico e que é também a porta de entrada e saída dos funcionários para outra ala do hospital – corredor de acesso aos quartos de pré-parto – então, desconsidere as aspas.
Dessa forma eu fiquei lá, deitada, olhando para o teto, olhando as enfermeiras entrando/saindo, conversando entre si e eu lá num canto, ora cochilava, ora acordava - confesso que queria estar no quarto com minha pequena, a Sthefany, e mais nada!
Enfim, fui para meu quarto, no caminho, no corredor, vi meu maridão, que estava babando no vidro do berçário olhando nossa filhota!

 

Assim que cheguei ao quarto, para minha felicidade e alívio, levaram a nossa pequena e pude, pela primeira vez, segura, olhar bem de perto, sentir seu cheirinho... Tão pequena, tão frágil... Com olhar meigo e ainda “sonada”.
Pensei que poderia, já que estávamos no quarto dar o peito, mas logo a enfermeira chegou e disse que teria que esperar mais algumas horas? Eu, leiga de tudo, achei que assim tinha que ser e ela, para matar a fome? Davam complemento, leite tipo NAN, Aptamil, etc... e por isso até falaram para nem dar o peito, afinal ela nem iria querer, já mamou. E mais uma vez fui feita de boba!

 

“A Organização Mundial da Saúde preconiza que a primeira mamada ocorra logo na primeira hora de vida do bebê. Portanto, quanto antes ocorrer, maior será os benefícios da amamentação e menor o risco do desmame precoce. (https://guiadobebe.uol.com.br)


 

O primeiro colinho de mãe, já no quarto


Com decepção, da raiva e hoje, com todas as informações e conhecimento que possuo, sei que poderia ter sido diferente. Que sim, eu poderia ter tido minha filha de parto normal, se tivessem feito todo o procedimento necessário e/ou obrigatório para isso, afinal, estava eu com a bolsa rompida, chegando na maternidade, com dilatação de 2cm, avançando, sem nenhum medicamento, de forma natural, após 5/6 horas chegado a uma dilatação de 5cm e com contrações super ativas, posição do bebê pela última Ultra, feita com 37 semanas e 3 dias, cefálica com dorso anterior, sendo que na consulta, no mesmo dia o “médico” disse que o bebê estava se encaixando, ou já encaixado!

"Realizar uma cesárea sem necessidade

Realizar uma cesárea sem a real necessidade e, especialmente, quando o desejo da paciente é por um parto normal é uma violência obstétrica. “Afinal sabemos que os riscos de uma cesárea são muito maiores do que o parto normal”, afirma a ginecologista e obstetra Ione Rodrigues Brum, vice-presidente da Comissão de parto, abortamento e puerpério da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Os principais riscos de uma cesárea são: Maior ocorrência de infecções por se tratar de uma cirurgia, maior tempo de internação hospitalar, pós-parto mais doloroso e complicações com a cicatrização. “Indicações de cesárea discutíveis são uma violência, afinal, a mulher confia naquele profissional e quando ele diz, por exemplo, que a cirurgia terá que ser feita porque o bebê está muito grande, ela acredita. O profissional que fala isso não leva em consideração que só temos certeza do tamanho do bebê depois que ele nasce”, afirma o obstetra e ginecologista Jorge Kuhn, professor do departamento de obstetrícia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Há outro pretexto frequente para a cesárea que é questionável. “O campeão é o argumento do cordão umbilical enrolado no pescoço. 30 a 40% dos bebês nascem com o cordão em volta do pescoço, o cordão é revestido por uma espécie de geleia, portanto não há o risco de enforcamento. Caso o cordão esteja muito apertado, o problema é que durante a contração pode haver um diminuição do suprimento de sangue para o bebê, por isso é importante ouvir o coração do feto constantemente”, explica a ginecologista e obstetra Melania Amorim, professora da Universidade Federal de Campina Grande." (https://bebe.abril.com.br/)



LOGICAMENTE QUE APESAR DA PÉSSIMA EXPERÊNCIA E LEMBRANÇA DO PARTO MINHA FELICIDADE PELA CHEGADA DA MINHA PRINCESA ESTAVA E ESTÁ INTACTA ATÉ HOJE, AFINAL NESTE DIA DESCOBRI O VERDADEIRO SIGNIFICADO DO AMOR INCONDICIONAL!!!

 

FUTURAS MAMÃES, PELA EXPERIENCIA QUE VIVI, PELO QUE TENHO VISTO, POR PESQUISAR MUITO, É QUE ME FORTALECEU A IDEIA DE MONTAR ESTE SITE. O OBJETIVO É PASSAR MUITAS E MUITAS INFORMAÇÕES SOBRE GRAVIDEZ, PARTO, MAMÃE E BEBÊ, DE FORMA QUE NÃO FIQUEMOS A MERCÊ DOS “PROFISSIONAIS” QUE MUITAS VEZES VISAM APENAS DINHEIRO, OU FAZER OS OUTROS DE COBAIA, OU ATUAM APENAS POR COMODISMO, AFINAL NUMA FILA DE 20 PACIENTES ONDE 18 FARÃO CESÁRIAS VOCÊ É MAIS UMA, VOCÊ É MAIS $!
FIQUEM ATENTAS, BUSQUEM INFORMAÇÕES, SEGUNDAS, TERCEIRAS, QUARTAS OPINIÕES ANTES DA TOMADA DA DECISÃO DO SEU PARTO.
O PARTO NÃO É, SIMPLESMENTE, A RETIRADA DO BEBÊ, É UMA VIDA, É A FORMA DE INICIAR UMA NOVA VIDA E QUE LEMBRANÇA VOCÊ QUER DESTE MOMENTO? O QUE VOCÊ QUER OFERECER AO SEU BEBÊ DESDE O PRIMEIRO INSTANTE DE VIDA FORA DO ÚTERO, DESDE O SEU PRIMEIRO SUSPIRO DE VIDA? LEMBRE-SE A ESCOLHA ESTÁ EM SUAS MÃOS (salvo exceções em que há riscos de vida para mãe e bebê), FAÇA COM CONSCIÊNCIA, PENSANDO NÃO APENAS EM VOCÊ, MAS EM SEU BEBÊ E TENHA UM PARTO MAIS HUMANO, UM PARTO HUMANIZADO! 

E SE PUDER FAÇA UM PLANO DE PARTO (PARA SABER MAIS - PLANO DE PARTO PARTE I, PLANO DE PARTO PARTE II E PLANO DE PARTO – ULTIMA PARTE


NÃO DEIXEM DE LER SOBRE A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA, ELA ACONTECE DIARIAMENTE EM TODO BRASIL, EM TODAS AS CLASSES SOCIAIS - ESTA VIOLÊNCIA NÃO PRECISA SER FÍSICA, PODE SER VERBAL E EMOCIONAL, ETC E SE ACONTECER OU ACONTECEU COM VOCÊ, NÃO DEIXE DE DENUNCIAR PELO CRM, PELO PLANO DE SAÚDE,PELO MINISTÉRIO DA SÁUDE, ATÉ MESMO POLÍCIA- VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA/VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA I

 



 

Hoje, com um médico diferente daquele, um médico mesmo, penso numa segunda gestação e caso decida ter, sei que tudo será diferente e sim farei de TUDO para ter parto normal!!

 

NOTA * 1 – Pelo último ULTRA que havia feito dia 03/12/2012  - 37 semanas e 3 dias, minha bebê estava com Peso fetal 2539 gramas (MARGEM A SER CONSIDERADA DE +/-10), cerca de 46cm com apresentação cefálica, placenta grau zero! OU SEJA, BEM DIFERENTE DO QUE FOI REALMENTE, JÁ COM 39 SEMANAS E 3 DIAS NO PARTO – 2535 gramas e 44,5cm -  AGORA IMAGINE SE TIVESSE FEITO A CESARIANA ELETIVA, TAL COMO MEU EX GO QUERIA, SENDO QUE ELE QUERIA REALIZAR NO DIA 10/12, QUANTO QUE ELA ESTARIA PESANDO E MEDINDO NO DIA? SERÁ QUE ELA TERIA QUE IR PARA UMA UTI NEO-NATAL????!!!!!!!

 

 

 

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AGUARDEM...